sábado, 12 de março de 2011

Tributo ao Sefrin, em tempo e em vida!

Tributo ao Sefrin, em tempo e em vida!

Neste ano de 2011 ficamos de luto. A memória de milhares de gaúchos terá o trabalho de buscar nos eventos musicais realizados pelo Rio Grande do Sul e fora dele, a presença do Coral Unisinos e, nele, a presença do regente João Paulo Sefrin. Falar do Coral Unisinos é falar em Sefrin, como é mais conhecido pelos amigos. Anterior a ele, o Coral já havia sofrido um forte golpe, a ausência da professora de Técnica Vocal Lúcia Passos. Com sua ausência, saíram juntos o carisma e a competência profissional. Mas o tempo passou e, mesmo sem Lúcia, foi possível ir levando o coral sob esforços redobrados. O Coral sobreviveu e refizemos nosso sobressalto e indignação quando, passados alguns anos, somos novamente surpreendidos por nova perda. Quando falamos de perda, muitas vezes lembramos em morte. Disso resulta que nos confortamos, pois dela não se pode escapar e pouco nos resta fazer. Contudo, há muitas formas de perdas. E dessa forma de perda, podemos sim, nos inconformar. O que se registra agora se trata da perda do regente João Paulo Sefrin. Ainda no mês de março de 2011, ocorreu a saída desse profissional que tanto abrilhantou as apresentações do Coral Adulto da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. As músicas conduzidas por ele e a vivacidade expressa por sua regência ficarão apenas nas reminiscências dos afortunados que puderam assisti-las.

Uma vez perguntaram ao escritor Érico Veríssimo de onde ele vinha, e como somente um grande gênio poderia responder: “Eu venho de uma cidade que tem uma Orquestra Sinfônica”. Hoje, todos nós temos orgulho da OSPA, e dizemos, em plenos pulmões, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Como leopoldense, também poderíamos dizer: viemos de uma cidade que tem um coral. Sim, um coral que tem pedigree, tem história, tem tradição. Para os mais novos, talvez nem saibam que o coral adulto da Unisinos já foi destaque nacional, ocupando página 143 da revista VEJA, edição 633, em 22 de outubro de 1980. Como cidadão leopoldense, ocorre-me muitas indagações, dentre elas, duas destacam-se: como produzir tradição? É possível eliminar o que possui qualidade e reconhecimento nacional? A primeira questão relaciona-se com o hábito, em nosso País, de recomeçar de novo, o que já existia e funcionava, por alguma coisa que tem que “ser nova” e “muito melhor”. Sabemos muito bem que o que é novo nem sempre significa melhor. Fica-me a indagação: o que poderá ser melhor que as apresentações do Coral Adulto da Unisinos regidas por Sefrin? A outra indagação remonta justamente a complementação dessa questão primeira: o que possui qualidade e reconhecimento nacional deve ser eliminado para recomeçar tudo de novo? Bem, pelo visto, os atuais dirigentes da Unisinos parecem acreditar nisso. Não levar em conta essa lógica é natural que atribuamos a saída do Sefrin a um jogo de vaidades. E quem estaria por trás dessa decisão? Por certo levaram em conta o alto nível técnico atingido pelo Coral Adulto? Por certo que não. Será que consideraram a relação custo-benefício, como as grandes empresas costumam fazer? Claro que não, pois não há custo superior aos benefícios que a técnica de Sefrin produziu aos nossos ouvidos e almas ao longo desses anos todos. Enfim, são tantas as perguntas, daquelas que somente a indignação e impotência podem gerar. O que será de nós, pobres leopoldenses, acostumados aos cantos produzidos pelas diversas vozes integrantes do Coral e unidas pela regência de Sefrin? Resta-nos a lembrança e a esperança de que a regência de Sefrin NÃO nos abandone e nos brinde aonde quer que SE faça.

Como é costume quando se está em luto, ficará, para nós da Curupira, a lembrança e a saudade do evento Primeira Celebração para a Paz, realizado no ano de 2007. Na oportunidade, a presença do Coral Unisinos abrilhantou o evento. Para a comunidade, uma oportunidade de assistir Ao prestigiado Coral da Universidade da cidade, suas músicas eruditas, populares e sacras, compreendendo que os preceitos de universidade enquanto ensino, pesquisa e extensão não é mera expressão acadêmica, mas vivência oportunizada por Sefrin. As fotos encontram-se em nosso endereço e podem ser conferidas em http://associacaocivilcurupira.blogspot.com/2007_12_01_archive.html

André Ricardo Gonçalves Dias

Primeiro Secretário da ONG Curupira

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