sexta-feira, 25 de março de 2011

Depoimento Ana Yara Campos

Caro Sefrin, não tivemos (ainda) a chance de trabalharmos juntos, mas sinto-me no dever de lhe enviar um grande abraço solidário. Um abraço de quem já enfrentou injustiças semelhantes e doídas.Além da admiração por seu trabalho (que pude apreciar em julho do ano passado), penso ser quase uma obrigação refletirmos um pouco mais sobre o que anda acontecendo conosco nos dias atuais: a demolição gradual, inconsequente, alienada da própria História!Põe-se abaixo toda uma construção musical de décadas, que não visou outro bem que não fosse o cultivo das coisas bonitas, bem realizadas, a fruição e o conhecimento estéticos, a serviço de um mundo mais sensível e humano.É lamentável que uma instituição da importância da Unisinos não consiga visualizar o estrago, o retrocesso que causou (a si própria) no setor da Arte, em especial, da música.Toda Universidade deveria ter seu olhar voltado para o futuro: "Que mundo queremos?"Do jeito que as coisas andam, no entanto, a previsão é péssima. Dentro de algum tempo, é provável que habitemos num planeta sem graça, cheio de indivíduos indiferentes e indiferenciados, automatizados, em rotina e cenário inodoros, incolores, voláteis, descartáveis, sem sabor, poluídos... porque não haverá o "elemento purificador da arte, da música" (catarse), que é um de seus principais papéis !Um dia, Camões escreveu o sábio verso: "Cantando espalharei por toda parte".Sem dúvida, num mundo onde tudo se mede com base em quantidade de perdas e ganhos, você pode estar certo, Sefrin: nesse episódio, quem perde é a Universidade, porque você prosseguirá seu caminho semeando a beleza, seja em forma de canções ou de sonhos... sim, espalhados em outras partes!Grande abraço, Yara

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